quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Hipertensão e Musculação - Será que dá para conciliar os dois?

Hipetensão e Musculação - Será que dá para conciliar os dois - Dicas de Treinos
Hipetensão e Musculação
Para início de conversa vamos deixar claro desde já que musculação nunca foi e nunca será um caminho apenas para obtenção de um belo e novo físico, é sobretudo a fonte da juventude. “Fonte da juventude?” Sim meu jovem ancião, é claro que sim. Se você buscar em pílulas, chás, shakes, corte disso e daquilo e de tantas outras coisas ao longo da sua vida, não conseguirá ter a mesma longevidade e saúde que os assíduos praticantes de musculação profissional, amador e até mesmo mendigos fisiculturistas têm.

É sabido que a musculação, quando bem estruturada e com o acompanhamento correto para orientá-lo, promoverá benefícios indispensáveis ao organismo humano, tais como:
  • Redução da gordura corporal total e localizada;
  • Melhora no sistema cardiorrespiratório;
  • Melhora no desempenho motor, desde tarefas do dia a dia a gestos esportivos;
  • Facilita (consideravelmente) na perda de peso;
  • Acelera o metabolismo, fazendo com que os músculos consumam mais gordura durante o repouso;
  • Melhora a postura, evitando o aparecimento de dores articulares, por exemplo;
  • Aumenta a produção de endorfina durante a atividade, tornando-o mais bem humorado (até porque ninguém merece mau humor né?);
  • Aumenta a libido (aí sim heim rs);
  • Aumento do foco nas atividades diárias;
  • Redução do colesterol ruim (LDL), e com dieta adequada, aumento do colesterol bom (HDL);
  • Redução do risco de desenvolvimento de doenças como Osteoporose, artroses, diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial. (O QUE É HIPERTENSÃO)
Bom, meus jovens e nobres anciões, possivelmente estão se perguntando agora “mas Cadu, como que a musculação vai influenciar de maneira direta no controle da hipertensão arterial?”, tenha muita calma meu jovem, pois a ansiedade também eleva a frequência cardíaca que tem influência direta sobre a pressão arterial, então se sente e continue lendo.

Ao praticar musculação seu sistema nervoso simpático diz ao seu organismo “vamos ter trabalho, então se mexam”, daí seu ritmo cardíaco aumenta e por consequência sua pressão arterial também aumenta DURANTE A ATIVIDADE, porém não existem estudos que comprovem o aumento da pressão arterial em repouso, ou seja, fora da atividade, pelo contrário, tem demonstrado que a prática regular da musculação reduz os níveis pressóricos.

“Ah beleza então Cadu, vou transformar meu ‘coroa’ em #fikagrandeporra”, oh meu filho volta aqui que ainda não acabei. Eu heim!!! Contudo, mesmo com os benefícios supracitados, devemos dar ao hipertenso um trabalho adequado em intensidade e volume, para que não elevemos excessivamente seu duplo produto. What the hell? O que é isso Cadu?”

Duplo produto (DP) meu caro, é o mais fidedigno indicador de trabalho do coração durante esforços físicos, estabelecendo correlação com o consumo de oxigênio miocárdico pela multiplicação da Frequência Cardíaca (FC) e a Pressão Arterial Sistólica (PAS). Seguem os exemplos.

Ex.:1) Indivíduos Normotenso (Pressão Arterial de 120mmHg/80mmHg) com FC média de 120 bpm em atividade: DP: 120mmHg x 120 bpm = 14.400
Ex.: 2) Indivíduos Hipertensos (Pressão Arterial de 160mmHg/100mmHg) com FC média de 120 bpm em atividade: DP: 160mmHg x 120 bpm = 19.200

O porquê desta volta científica é muito simples, se durante a atividade há aumento da frequência cardíaca e o DP é uma ferramenta para avaliar o trabalho cardíaco em atividade, devemos considerar manter em indivíduos hipertensos, a frequência cardíaca o mais baixa possível, evitando assim sobrecargas cardíacas.

Desta maneira temos as seguintes recomendações:
  • Aferir a Pressão Arterial antes de iniciar CADA SESSÃO DE TREINO – e não iniciar a sessão caso o hipertenso não esteja controlado via medicamento específico;
  • Preferência por montagens de treino alternadas por segmento;
  • Utilizar baixa intensidade de trabalho (com repetições entre 18 a 20 e baixas cargas);
  • Manter volume de treinamento baixo a moderado;
  • Treinar sempre um pouco distante do ponto de fadiga momentânea, evitando picos pressóricos;
  • Preferência por exercícios que facilitem o retorno venoso;
  • Manter a respiração ativa e continuada (expiração na fase concêntrica e inspiração na excêntrica), sem executar manobra de Valsalva;
  • Evitar movimentos acima da linha dos ombros, pois estes aumentam consideravelmente a PA, dado o retorno venoso facilitado;
  • Preferência por sobreposição de volume de exercícios de membros inferiores aos de membros superiores.
Trocando em miúdos: Não há motivos que justifique colocar sua saúde em risco. Planeje, organize-se e tenha um desenvolvimento adequado e, acima de tudo, saudável.

Referências:
POLITO, M.D; FARINATTI, P.de T.V. Considerações sobre a medida da pressão arterial em exercícios contra-resistência. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 9, Nº 1. Jan/Fev, 2003.
MIRANDA, H. et al.. Análise da freqüência cardíaca, pressão arterial e duplo-produto em diferentes posições corporais nos exercícios resistidos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 11, Nº 5. Set/Out, 2005.


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